A alfabetização oceânica foi assumida como uma política pública na educação escolar em Santos, Brasil. A Lei Municipal nº 3.935 foi sancionada no dia 12 de novembro e assegura a inclusão da alfabetização oceânica nas escolas do município, tornando-o a primeira cidade do mundo a estabelecer a alfabetização oceânica como política pública no currículo escolar.
"O que estão a fazer em Santos é muito importante para dar o exemplo a outras cidades e países, pois é algo que o mundo inteiro precisa de fazer", comentou Francesca Santoro, do COI UNESCO.
"É a primeira vez que isto acontece, e compreendo que este é o momento certo", disse, considerando que esta é a primeira vez que um município incluiu a cultura oceânica na sua própria legislação e lembrando que o tema está entre os debatidos na 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26). "Neste momento, governos e especialistas da sociedade civil estão a discutir em Glasgow (Escócia) o que precisamos de fazer para uma mudança realmente necessária".
FUTURO
Ao promulgar a lei, o Presidente Rogério Santos falou sobre a relação da Cidade com o ambiente e as expectativas para o futuro. "Santos situa-se entre dois importantes ecossistemas, o Oceano Atlântico e a Mata Atlântica. A nível local, precisamos de fazer a nossa parte. E a melhor forma de transformar a sociedade é através da educação e da influência dos jovens e das crianças nas famílias. Portanto, esta medida que hoje adoptamos terá um impacto muito importante".
A iniciativa foi também destacada pelo Secretário de Investigação Científica e Formação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marcelo Morales, que afirmou que o Ministério apoia iniciativas de cultura e ciência oceânica nas escolas, "importantes para trazer soluções para a promoção da ciência e do uso sustentável do oceano".
EDUCAÇÃO
A lei para a implementação da cultura oceânica nas escolas do Município é da autoria da Câmara Municipal, com base num projecto do vereador Marcos Libório que sublinha a importância dos poderes legislativo, executivo e dos investigadores que caminham juntos para uma tomada de decisões de base científica que promove a educação e o desenvolvimento sustentável.
A lei sancionada menciona a "transversalidade do oceano" ao estabelecer que o assunto é abordado de diferentes perspectivas na rede municipal de educação. "A inclusão da cultura oceânica no currículo escolar permitirá aos professores de diferentes disciplinas abordar o tema e expandir projectos educacionais onde o aluno é o protagonista do conhecimento e integra a realidade local e os conhecimentos adquiridos" explica o Departamento de Educação, Cristina Barletta.
A alfabetização marítima passará a fazer parte dos processos de formação de professores em palestras, reuniões e cursos de educação contínua para todos os professores da rede municipal.
A Lei de Alfabetização Oceânica é o resultado de investigações e acções em parceria entre a Câmara Municipal de Santos e a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). "Esta lei garante o direito de todas as crianças e jovens da cidade a terem acesso ao conhecimento sobre o oceano. Ao terem conhecimento, tornar-se-ão cidadãos e profissionais que poderão ter comportamentos e acções mais sustentáveis" comenta o professor Ronaldo Christofoletti da Unifesp.