Para além das suas funções de regulador do clima e de apoio ao ecossistema, o oceano desempenha um papel económico fundamental para as comunidades de todo o mundo, facilitando mais de 90% do comércio mundial. Através do seu Desafio 4: "Desenvolver uma economia oceânica sustentável e equitativa"a Década das Nações Unidas de Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável 2021-2030 (o 'Década do Oceano') tem como objetivo aproveitar este potencial, oferecendo soluções para uma economia equitativa e sustentável dos oceanos no meio de condições ambientais, sociais e climáticas em mudança.
De acordo com a Revisão do Comércio e do Ambiente 2023 da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), estima-se que a economia dos oceanos valha entre 3 e 6 biliões de dólares por ano. Em causa estão os meios de subsistência de mais de três mil milhões de pessoas, predominantemente em países costeiros em desenvolvimento, que dependem das indústrias baseadas nos oceanos para obterem rendimentos, comércio e emprego.
O Década do Oceano reconhece o papel crucial da economia dos oceanos na promoção de uma prosperidade equitativa e salienta a necessidade de proteger eficazmente os ecossistemas marinhos para o bem-estar humano. O seu desafio 4 visa promover a tomada de decisões informadas e inclusivas através de abordagens de gestão baseadas nos ecossistemas, como o planeamento do espaço marinho (OEM). Estas abordagens destinam-se a gerar conhecimentos essenciais sobre os ecossistemas oceânicos, facilitar a inovação, assegurar a distribuição equitativa da informação, da tecnologia e dos benefícios económicos e dar prioridade a uma sociedade saudável baseada nos direitos.
No âmbito do processo Visão 2030 lançado pelo Década do Oceano, o Grupo de Trabalho 4 está a formular objectivos estratégicos e específicos para o Desafio 4. O Grupo é liderado por dois co-presidentes especialistas: Andrew Rhodes, Diretor dos Assuntos Públicos do México na iAlumbra, e Peter M. Haugan, Diretor de Políticas no Instituto de Investigação Marinha da Noruega.
Sob a sua liderança, mais de uma dúzia de membros de várias áreas e disciplinas estão a colaborar em estratégias para integrar actividades económicas com a preservação ambiental e o bem-estar social. Ao estabelecer ligações entre estes conceitos intrincados, o Grupo de Trabalho 4 está a reformular a narrativa em torno da economia do oceano. Já não é vista apenas como uma fonte de sustento, é um catalisador para a equidade, sustentabilidade e adaptabilidade face a um ambiente em mudança.
Abrangendo uma vasta gama de actividades económicas relacionadas com os oceanos, o conceito de economia sustentável dos oceanos aborda outros desafios relevantes. Por exemplo, a economia dos oceanos tem potencial para contribuir para a atenuação das alterações climáticas através do desenvolvimento de energias renováveis ao largo da costa, da descarbonização dos transportes marítimos e da ecologização dos portos. Apoia igualmente uma economia circular, renovando as normas de conceção das artes de pesca e criando infra-estruturas verdes nas zonas costeiras para preservar a biodiversidade e as paisagens, beneficiando simultaneamente o turismo e a economia costeira.
Dada a natureza complexa do Desafio 4, o Grupo de Trabalho está a desenvolver respostas eficazes a uma série de obstáculos interligados - alterações climáticas, ineficiências institucionais, lacunas de conhecimento, desafios financeiros e falta de colaboração e confiança.
Os co-presidentes Andrew Rhodes e Peter M. Haugan sublinham a necessidade de esforços colectivos globais, altamente visíveis e a longo prazo por parte de um leque diversificado de partes interessadas. É dada especial atenção às abordagens inclusivas para os povos indígenas, as comunidades locais e as empresas de pequena escala, assegurando a sua participação nos principais esforços e políticas de tomada de decisões. "A ciência dos oceanos, na definição alargada adoptada na Década, precisa de trabalhar em estreita colaboração com a política e a sociedade, incluindo as comunidades locais e a indústria, para alcançar a economia dos oceanos que desejamos", afirmaram.
Para 2030, o Grupo de Trabalho 4 prevê uma economia equitativa dos oceanos baseada em conhecimentos acessíveis e abrangentes, práticas ambientais e sociais sustentáveis, tanto para as gerações actuais como para as futuras.
A Década do Oceano viagem transformadora até 2030
A versão consolidada do Livro Branco do Desafio 4 foi apresentada e debatida durante a "Sessão 2 - Ciência e Soluções para uma Economia do Oceano Sustentável e Resiliente" na Conferência 2024 Década do Oceano , em Barcelona, um evento fundamental para o processo do Vision 2030. Os resultados dos debates foram incorporados na versão final do documento.
Clique aqui para conhecer o Grupo de Trabalho 4 e saber mais sobre o processo Visão 2030.
Livro Branco Visão 2030 sobre o Desafio 4
Leia as recomendações do Grupo de Trabalho 4 do Visão 2030 para desenvolver uma economia do oceano sustentável e equitativa.
Para mais informações, contactar: Equipa Visão 2030(vision2030@unesco.org)
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Sobre o Década do Oceano:
Proclamada em 2017 pela Assembleia Geral das Nações Unidas, a Década das Nações Unidas de Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável (2021-2030) ("a Década do Oceano") procura estimular a ciência dos oceanos e a geração de conhecimentos para inverter o declínio do estado do sistema oceânico e catalisar novas oportunidades de desenvolvimento sustentável deste enorme ecossistema marinho. A visão do Década do Oceano é "a ciência de que precisamos para o oceano que queremos". O Década do Oceano fornece um quadro de convocação para cientistas e partes interessadas de diversos sectores para desenvolver o conhecimento científico e as parcerias necessárias para acelerar e aproveitar os avanços na ciência dos oceanos para alcançar uma melhor compreensão do sistema oceânico e fornecer soluções baseadas na ciência para alcançar a Agenda 2030. A Assembleia Geral da ONU mandatou a Comissão Oceanográfica Intergovernamental (COI) da UNESCO para coordenar os preparativos e a implementação da Década.
Sobre o COI/UNESCO:
A Comissão Oceanográfica Intergovernamental da UNESCO (COI/UNESCO) promove a cooperação internacional no domínio das ciências marinhas para melhorar a gestão dos oceanos, das costas e dos recursos marinhos. A COI permite que os seus 150 Estados-Membros trabalhem em conjunto através da coordenação de programas de desenvolvimento de capacidades, observações e serviços oceânicos, ciência oceânica e alerta de tsunami. O trabalho do COI contribui para a missão da UNESCO de promover o avanço da ciência e das suas aplicações para desenvolver o conhecimento e as capacidades, fundamentais para o progresso económico e social, base da paz e do desenvolvimento sustentável